8 de abril de 2010

Canoa Organica - Organic Canoe

Ubatuba, do Tupi-Guarani quer dizer encontro de muitas canoas, Estima-se que antes da época do "descobrimento" esta região compreendida no coração da Costa Verde do Brasil era lar de milhares de famílias indígenas que somente se comunicavam com as outras através de suas ígaras.


Posteriormente, durante o período colonial, esse artefato indígena fora tão bem assimilado pelos seus descendentes, miscigenados com portugueses e negros, que passaram a utilizar para transportar e negociar mercadorias produzidas, no sertão ou tiradas do mar. As canoas maiores eram chamadas de “canoas de voga” e muitas eram providas de “traquete”, uma espécie de pequena vela que ajudava no impulso da embarcação. Mas, em muitas situações, era nos remos conduzidos à força de muitos braços que as canoas atingiam seus destinos.


Neste passado não tão distante, essas canoas eram feitas de um tronco de uma grande e razoavelmente leve árvore, como o Louro, ou Guapuruvu (garavupu), esculpidas pelas mãos sábias do povo caiçara, mas que estão em extinção hoje em dia, tanto o carpinteiro quanto a árvore. Dificilmente o jovem caiçara hoje em dia tem interesse em aprender esta cultura ancestral de construção organica e tampouco tem campo para desenvolvimento pois já não existem tantas florestas e tampouco árvores.
Mas algumas pessoas, com senso de ecologia, interessadas pelo tema, como nosso vizinho, o surfista Marreco da rua 16 aqui de Itamambuca resolveu fazer sua canoa organica, e nós da A Flora nos orgulhamos em colaborar fornecendo nossa experiencia na fabricação de pranchas biodegradáveis.
 
No lugar de um tronco maciço de uma árvore centenária, entrou o cedrinho proveniente de reaproveitamento de sobras e de refugo de constução civil, em forma de ripas coladas (strip planking) e laminadas com tecido de fibra de vidro e a mesma resina vegetal biodegradável que utilizamos na construção das pranchas. Os resultados foram excelentes. A canoa se move como um verdadeiro multicasco e já se mostrou guerreira, até onda na volta da pescaria já pegou, e esperamos que apareçam outros interessados e que possamos fazer outras canoas para repovoar nosso litoral desse meio de transporte tão sadio e divertido.

Num encontro entre culturas, a cultura polinésia dos povos surfistas do outro lado do planeta se mostra no uso de amas (flutuadores) feitos com refugo de lambril, preenchidos com isopor retirados da lixeira de reciclaveis e laminados com resina bio. Travessas (iacos) em eucalipto de reflorestamento amarrados com camera de pneu de bicicleta e mastro aproveitado de monotipo antigo. Esta configuração dá maior estabilidade ao conjunto e dão sustentação e equilíbrio no uso de vela como propulsão.

4 comentários:

  1. oi sou Rodrigo Matsuda !!moro no japão a 9 anos ,,parabens a voces muito legal o trabalho da flora!!!!Nossa, vi que temos muitas coisas em comun,Primeiro pelo amor as pranchas de madeiras,voces fazem um otimo trabalho!!e segundo eu tambem estudei na Faculdade de belas artes em 1998,mas cursei apenas 1 ano de desenho industrial,gostaria muito de ter terminado....
    bom abraço continuem assim!!!!

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  2. Há mais de 40 anos, navego pelas águas de Ubatuba, e quando estou embarcado, sinto como se meu corpo estivesse tomado pela sensação de ter estado numa situação idêntica há muitos anos. É assim sempre. Não importa a direção, o vento leste me leva lentamente numa tarde de verão, ouvindo o canto das águas sob o casco, sem parar... Já projetei uma canoa semelhante a que vejo agora, a canoa orgânica, para mim, seria construída, ou reaproveitada, a canoa de guapuruvú, com dois flutuadores reaproveitados do hobie cat, e o velame do lazer, completaria o sonho. Não a fiz. Estou feliz que este "sonho" tenha, em princípio, sido executado. O projeto ficou muito mais elegante e, ecologicamente correto, por assim dizer. Se eu um dia pudesse ter o orgulho de velejar esta "réplica", talvez me projete ao tempo em que Ubatuba era mesmo o encontro de canoas. Parabéns! Aurélio Paiva

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  3. Aurélio, a canoa ta sempre aqui em itamambuca, basta chegar e trocar uma idéia que com certeza vc poderá velejar na Orgânica! Estamos a disposição! Um abraço

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  4. Aloha! Gostei muito das pranchas fabricadas por vocês, trabalho com Biologia Marinha, então, gosto muito do mar e preso por sua conservação, e de toda a Natureza. Gostaria de saber se existem pranchas à venda, e qual o preço delas.
    Um abraço!

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