Mensagem originalmente postada em Quinta-feira, 19 de Junho de 2008
Após a volta dos malibu longboards, das fishs biquilhas e das monoquilhas retrô, o resgate das pranchas ancestrais continua e com a releitura das pranchas de madeira, a onda agora são as alaias, "prancha fina" em dialeto havaiano, são tão antigas quanto o próprio surf, datando de pelo menos 1500 anos atrás.
Hoje, cada vez mais pessoas sentem necessidade de voltar às raízes, para um surf poético, espiritual e com maior grau de dificuldade! Pessoas que surfam pelo puro prazer, pela ligação única que este surf ancestral permite com o mar, com a natureza, incluindo grandes nomes do surf moderno. Tom Carroll, Rob Machado, Dan Malloy, Sage Josk, David Rastovich, Mike Stewart e tantos outros têm surfado com as alayas do australiano Tom Wegener e já não deixam de levar uma em seu quíver em viagens pelo mundo.
As pranchas são muito simples, com menos de uma polegada de flutuação, são bem finas, variando de 5 a 9 pés, são tábuas retas, levemente arredondadas no deck, com bordas bem finas e full concave do bico até a rabeta. A principal característica é a sua extrema flexibilidade, que deve ser aproveitada nos diversos moments do surf. Por exemplo, para facilitar a entrada na onda, força-se o bico para baixo, invertendo o rocker da prancha. Outras técnicas de envergar a prancha podem ser utilizadas nas diversas situações sobre a onda. Outra característica é a velocidade que a prancha atinge, sendo perfeita para ondas rápidas, graças a isso, tem sido muito apreciada por bodyboarders, uma vez que as alaias podem ser surfadas tanto em pé quanto deitado ou ajoelhado.
Os antepassados havaianos possuíam um ritual religioso para a fabricação das suas ollos e alayas. Uma vez escolhida a árvore, o ritual era iniciado. Colocava-se ao pé do tronco um peixe vermelho chamado kumu e a árvore era cortada. Nas raízes fazia-se um buraco onde, com uma oração, era enterrado o kumu. Em seguida era dado início ao trabalho de modelagem ou shape(forma da prancha); as ferramentas, lascas de pedras e pedaços de coral eram usados até chegar à forma desejada. Com coral granulado (pokaku ouna) e um tipo de pedra bem dura (oahi) era iniciado o trabalho de acabamento para eliminar todas as marcas da fase anterior e tentar alisar a superfície o máximo possível. Com a superfície lisa, eram aplicadas as raízes de uma árvore chamada hili, para dar uma cor negra. Outras substâncias eram utilizadas para impermeabilizar a madeira como forma de encerá-la. Para nossa primeira alaia, escolhemos a Paulownia, madeira exótica, originária de reflorestamento, bem leve, comparável à madeira balsa, porém bem mais resistente do que a mesma, impermeabilizada com a resina vegetal, a prancha é 100% biodegradável. Dada a resistência da Paulownia, não foi necessário o uso de tecido de fibra de vidro, o que tiraria a flexibilidade da prancha.
Muito bom! ai começa a verdadeira natureza do surf
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