19 de janeiro de 2009

Surf Ancestral - Surfe Sustentável - Revista Vida Simples

Mensagem originalmente postada em Terça-feira, 20 de Maio de 2008

Curi Atá Apenunga, o “pau oco que anda nas ondas” faz história como alternativa de prancha sustentável.Curi atá apenunga. Se ainda falássemos o tupi-guarani, essa seria a frase a ser dita quando as pranchas confeccionadas pelo carpinteiro Kiko Horácio e pelo desenhista industrial Tiago Matulja estivessem a flutuar em meio as vagas da praia de Itamambuca. É lá, numa oficina cercada de mata atlântica, que a dupla fabrica as primeiras pranchas sustentáveis do Brasil. Na contra-cultura de um esporte marcado por pranchas descartáveis, feitas por máquinas e assinadas por números, os ubatubenses buscaram inspiração nas raizes do surfe. No primitivo tempo em que havaianos e polinésios deslizavam sobre as ondas em pesadas pranchas de madeira, que chegavam a pesar até 100 quilos. Na pesquisa, descobriram a origem das pranchas ocas de madeira criadas em 1926 pelo norte-americano Tom Blake, infinitamente mais leves, e que revolucionaram o surfe mundial. Apesar do sucesso na época, a invenção de Blake teve vida curta e foi substituída em 1950 pelas levíssimas pranchas de poliuretano e resina poliester. Uma combinação bombástica: 100% de petróleo, 100% não degradável, 100% tóxica e 99,99% em vigor nos dias de hoje. A resposta da dupla a esta falta de consciência foi resgatar as pranchas ocas de Tom Blake. Mas, podemos perguntar: usar madeira é sustentável? “Aí é que entra a criatividade. Como moramos perto da mata, estamos sempre atento aos galhos e troncos que caem de árvores pioneiras como o guapuruvu e a embaúba. Até com um pinus que achei na praia já fiz prancha” conta Kiko Horácio, que para tornar seu produto ainda mais ecológico passou a usar uma resina vegetal bio-degradável, no lugar da poliester. Além da beleza das pranchas, que podem ser pirografadas, Kiko garante que surfar de madeira traz uma sensação muito boa. “A linha na onda me aproxima do surfe ancestral. E como a prancha é orgânica, e não de plástico, parece que fico totalmente integrado com o mar”.
Para saber mais: http://www.legendarysurfers.com/surf/legends/ls07_blake.shtml http://florasurfboards.blogspot.com/
texto original de Eduardo Petta
foto de Carol da Riva, numa manhã de altas ondas dois dias depois do terremoto. Na sequência fomos surfar na laje do Patiero, pena que a Carol nao foi pra pegar uns ângulos em ação.
Surf Ancestral na matéria para revista Vida Simples no 67, sessão "Mente Aberta" com texto de Edu Petta e foto de Carol da Riva. Muito obrigado à redação da editora abril e à dupla Carol e Petta por abrirem espaço na capa de "tal" revista para a chamada surfe sustentável e por mostrarem ao Brasil uma página dupla com nossas princesas estampadas. Valeu!

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