19 de janeiro de 2009

Alaia, prancha ancestral, sem quilha - Finless Alaya

Mensagem originalmente postada em Quinta-feira, 19 de Junho de 2008

Após a volta dos malibu longboards, das fishs biquilhas e das monoquilhas retrô, o resgate das pranchas ancestrais continua e com a releitura das pranchas de madeira, a onda agora são as alaias, "prancha fina" em dialeto havaiano, são tão antigas quanto o próprio surf, datando de pelo menos 1500 anos atrás.

Hoje, cada vez mais pessoas sentem necessidade de voltar às raízes, para um surf poético, espiritual e com maior grau de dificuldade! Pessoas que surfam pelo puro prazer, pela ligação única que este surf ancestral permite com o mar, com a natureza, incluindo grandes nomes do surf moderno. Tom Carroll, Rob Machado, Dan Malloy, Sage Josk, David Rastovich, Mike Stewart e tantos outros têm surfado com as alayas do australiano Tom Wegener e já não deixam de levar uma em seu quíver em viagens pelo mundo.

Jake

Rob Machado

Tom Carroll

Sage Joske

As pranchas são muito simples, com menos de uma polegada de flutuação, são bem finas, variando de 5 a 9 pés, são tábuas retas, levemente arredondadas no deck, com bordas bem finas e full concave do bico até a rabeta. A principal característica é a sua extrema flexibilidade, que deve ser aproveitada nos diversos moments do surf. Por exemplo, para facilitar a entrada na onda, força-se o bico para baixo, invertendo o rocker da prancha. Outras técnicas de envergar a prancha podem ser utilizadas nas diversas situações sobre a onda. Outra característica é a velocidade que a prancha atinge, sendo perfeita para ondas rápidas, graças a isso, tem sido muito apreciada por bodyboarders, uma vez que as alaias podem ser surfadas tanto em pé quanto deitado ou ajoelhado.

Dan Malloy flexionando para se manter no trilho.

Jake Aproveitando a flexibilidade de sua alaya

Os antepassados havaianos possuíam um ritual religioso para a fabricação das suas ollos e alayas. Uma vez escolhida a árvore, o ritual era iniciado. Colocava-se ao pé do tronco um peixe vermelho chamado kumu e a árvore era cortada. Nas raízes fazia-se um buraco onde, com uma oração, era enterrado o kumu. Em seguida era dado início ao trabalho de modelagem ou shape(forma da prancha); as ferramentas, lascas de pedras e pedaços de coral eram usados até chegar à forma desejada. Com coral granulado (pokaku ouna) e um tipo de pedra bem dura (oahi) era iniciado o trabalho de acabamento para eliminar todas as marcas da fase anterior e tentar alisar a superfície o máximo possível. Com a superfície lisa, eram aplicadas as raízes de uma árvore chamada hili, para dar uma cor negra. Outras substâncias eram utilizadas para impermeabilizar a madeira como forma de encerá-la. Para nossa primeira alaia, escolhemos a Paulownia, madeira exótica, originária de reflorestamento, bem leve, comparável à madeira balsa, porém bem mais resistente do que a mesma, impermeabilizada com a resina vegetal, a prancha é 100% biodegradável. Dada a resistência da Paulownia, não foi necessário o uso de tecido de fibra de vidro, o que tiraria a flexibilidade da prancha.

Diogão empunhando a primeira alaia d'A flora ecoboards

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